Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos



Breve história



Em tempos perdidos na nossa memória, houve uma antiga Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Situava-se em ponto importantíssimo da cidade. A Praça Antônio Prado. Mas nos tempos de antanho, foi este alargamento de ruas o símbolo da devoção paulistana. Daí o seu nome bonito: o Largo do Rosário. Porque foi ali que se ergueu e se manteve por tanto tempo a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.

A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, de tão pobrezinha que era, deve ter demorado muito para adquirir fundos que pudessem arrimar a construção de uma ermida. Acredita-se que só em 1721, em algum canto do Anhangabaú, erigiu-se uma capelinha. No ano de 1725, o ermitão Domingos de Melo Tavares obteve licença para erguer legalmente uma Igreja. Esmolou por três anos em Minas Gerais, e em 1728 a Irmandade rogou à Câmara de São Paulo um terreno, e o obteve no mesmo ano. Parece que em 1737 a Igreja já estava em pé.

Nos primeiros tempos, havia a festa da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos homens pretos que começava com uma missa muito solene e circunspecta. Depois, até homens brancos acudiam aos arredores da Igreja para assistir às tradicionais congadas (ou festas de Congos), reminiscências perdidas nas tradições dos escravos. Depois tudo mudou. As congadas dos homens pretos da confraria do Rosário foram sendo, lentamente, substituídas por festejos menos atentatórios aos bons costumes da sociedade branca. E a Igreja do Rosário foi ficando mais triste.

De outro lado,  o  chamado progresso de São Paulo pedia a reformulação do Largo do Rosário. A lei 698, de 24 de dezembro de 1903, em seu artigo primeiro desapropriou a Irmandade, mediante uma pequena indenização e um terreno no Largo do Paissandu para a reconstrução da Igreja. Por esses acasos do destino, os remanescentes do cemitério, que era de propriedade da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, foram parar às mãos do... irmão do prefeito, o sr. Martinico Prado. Ali se construiu o Palacete Martinico Prado, que já abrigou o Citybank e, hoje, acolhe a Bolsa Mercantil e de Futuros.

A antiquíssima Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos situa-se, hoje, no Largo do Paissandu. Fica defronte (ou, antes, inclinada) à Avenida São João. Tem uma porta frontal, por onde entram os fiéis, e outra lateral, cuja escada dá acesso à sacristia. A porta dos fundos leva ao subsolo, de acesso restrito aos membros da Irmandade.



FONTE: Arquidiocese de São Paulo